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Moradores de Niterói relatam experiências com a violência

Tiroteios frequentes por toda Niterói. Dezenas de áudios compartilhados nas redes sociais quase diariamente, espalham a notícia como rastro de pólvora. Em épocas de barbárie social, sair de casa pode se tornar uma atitude arriscada. O que se via em comunidades dominadas pelo tráfico durante a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), agora se dissemina sem controle nas ruas da cidade. Depois da operação Dose Dupla, deflagrada na última quarta-feira (16), a população ficou em alerta.

Dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam um aumento no número de ocorrências em Niterói.  De acordo com o Instituto, roubos de veículos e roubos a residências têm crescido assustadoramente. O número de casas roubadas quase dobrou em relação ao primeiro semestre de 2016 (75 casos registrados este ano contra 38 registrados no ano passado). Já em relação ao aumento de carros roubados, o crescimento foi de 36,75% - 1.131 casos registrados em 2017 e 827 registrados em 2016 no mesmo período.

A estatística é construída a partir de registros de ocorrência feitos nas delegacias de todo o estado, porém nem todo mundo perde tempo prestando a queixa – o que faz com que o índice oficial não corresponda exatamente à realidade.

Compartilhando histórias

Tereza Oliveira, moradora da Avenida Mário Viana, em Santa Rosa, conta que há um mês voltava do mercado com a filha pela Rua Juiz Goulart Monteiro, quando ouviu um barulho e viu um rapaz correndo. “Mandaram a gente entrar num dos prédios pra se proteger porque era tiro. Na portaria, vi um segurança correndo com a arma na mão e depois soube que o jovem havia sido baleado. Foi uma questão de segundo para que escapássemos da linha de fogo”, conta a pensionista.

O estudante de publicidade João Víctor dos Santos estava com amigos na praia de Icaraí, onde mora, quando dois rapazes se aproximaram. “Eles pareciam drogados e pediram dinheiro, mas estávamos sem nada. Ameaçaram nos cortar e levaram os celulares. Ainda reclamaram porque o IPhone dá muito trabalho”, desabafou.

A vendedora Sandra Stepanov, de Santa Rosa, foi assaltada duas vezes. A primeira foi dentro do ônibus 100 (Viação Mauá). O assaltante roubou dinheiro, relógios e celulares dos passageiros. “Ele entrou na Ilha do Mocanguê e anunciou o assalto, mas selecionou os itens que iria levar”.  Na segunda vez, ela estava saindo da casa de uma amiga na hora do almoço, em São Francisco. “Fui pegar o ônibus quando apareceu uma moto com dois homens. O carona puxou minha bolsa e eu caí no meio da rua. Fiquei com os joelhos ralados, cheia de hematomas”, relatou.

No Engenho do Mato, o publicitário Fábio de Souza contou que foi assaltado na rua Cacilda Ouro, onde mora. “Estava chegando do trabalho quando ouvi uma moto se aproximando. Um dos caras me pediu o celular, achei que era brincadeira dos amigos da rua. Demorei pra entregar o aparelho e fui ameaçado. O pior é que a 200 metros dali, duas motos da polícia militar faziam a patrulha”. Ao contrário das outras vítimas, Fábio fez o registro da ocorrência.

O patrulhamento na região fica na conta do 12º BPM, que elabora um ataque estratégico aos criminosos. Em nota, o comando explica que tem atuado de forma preventiva e ostensiva, com viaturas e motocicletas nos locais e horários de maior incidência de roubos, em especial, os roubos de rua e de veículos.

O comandante, coronel Márcio Rocha, ressalta a parceria com as delegacias da região: “As ações têm levado à prisão muitos marginais autores de roubos e homicídios. Neste último, os índices na área de atuação do 12º BPM reduziram 29%, comparando-se os primeiros semestres dos anos de 2017 e 2016, e os indicadores de roubos de rua e de veículos já dão sinais de redução”, garantiu.

O monitoramento 24 horas realizado pelo Centro Integrado de Segurança Pública de Niterói (CISP), que conta com centenas de câmeras estrategicamente distribuídas em todas as regiões da cidade, tem contribuído para o mapeamento das áreas de maior incidência de roubos. Além disso, as redes sociais e grupos de conversa do Whatsapp e do Sistema Alerta, no aplicativo TELEGRAM, reforçam as informações que são levadas ao batalhão.

Os convênios do Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS) e do Regime Adicional de Serviço (RAS), firmados com a prefeitura, também contribuem para a tentativa de frear os índices. A meta é diminuir consideravelmente os números até o final de 2017. A população aguarda ansiosa.

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